Quero-te bem, mas não melhor do que eu!

    

 

 

     Faz pouco tempo que eu estava com umas amigas que têm filhas mais ou menos da mesma idade. Todas são meninas muito inteligentes e bonitas, mas passam o tempo brigando. É mais o tempo que se queixam umas das outras, do que o tempo que disfrutam da companhia umas das outras. Bom, são apenas crianças, mas eu fiquei pensando que ás vezes as mulheres não são muito diferentes. (Nem todas, mas muitas!)

      Mulheres já começam a brigar enquanto crianças (sim, os meninos também brigam, mas não da mesma maneira); as meninas querem ser a mais belas, as mais poderosas, as que mais têm. E assim, pela vida fora, vão competindo e se amargurando porque não têm o que as outras têm ou não são como as outras são. 

       A inveja, como um veneno, se instala nos corações, causando infelicidade; não só à pessoa que sente inveja, mas à que é invejada, por consequência de algum ato da primeira. Ás vezes, é um sentimento bem subtil, ao qual não chamaríamos inveja, porque nos parece um sentimento muito negativo para confessarmos que sentimos.

       Desejar ser mais bela, ser ambiciosa em relação ao futuro, desejar ter isto e aquilo, não tem de fato, nada de errado. O problema é se nos comparamos com os outros e nos amarguramos com isso, a ponto de tentarmos prejudicar essa pessoa - que geralmente é uma amiga ou colega.

       Sim, essa pessoa, tão "sortuda",  que conseguiu comprar uma casa e viaja uma vez por ano, talvez tem se esforçado mais que outras. Talvez, no tempo de escola não era tão preguiçosa, ou vive trabalhando horas extra para conseguir o que tem. Essa pessoa que se casou com um homem bonito, simpático e trabalhador, talvez tem uma linda personalidade que cativou esse homem.

       Não quer dizer que as que invejam não se esforçam também, ou que no fundo não têm uma boa personalidade, mas se, ao olhar para a vida do outro, a pessoa se sente tão desconfortável a ponto de desejar que a outra tenha menos que ela, então, definitivamente, precisa sarar-se dessa doença chamada "inveja", que mais do que prejudicar os outros, vai prejudicar ela mesma.

        Claro que existe uma certa competição natural entre as pessoas, mas ver uma pessoa ser mais bem sucedida que nós não deve nos amargurar, mas sim inspirar. Se a vizinha conseguiu comprar um carro melhor do que o meu, e eu também gostaria de ter um, então eu posso ser tão esforçada como ela e lutar um pouco mais para conseguir fazer isso também.

        Sim, algumas pessoas parecem ter mais chances que outras, algumas nasceram em berço de "ouro" e outras não, mas todas nós conhecemos histórias de pessoas que mesmo nascendo pobres ou com limitações, se superaram.

        E, se a gente tem inveja da personalidade simpática e boa de alguém, podemos tentar imitá-la, em vez de talvez começar a procurar falhas nela e talvez até criticá-la.

        Devemos desejar o bem dos outros, desejar que sejam tão felizes quanto nós queremos ser. Ás vezes não é fácil, mas temos que lutar contra isso. A inveja foi o motivo que levou a Eva a comer o fruto do pecado, que levou Caim a matar a Abel e que colocou o Senhor Jesus Cristo na cruz.

          

Nascemos pecadores?

 

     Parece difícil de aceitar o que  Deus nos diz, que nascemos pecadores. Quando olho para a minha filha de apenas nove meses, tão inocente ainda, custa-me a pensar que dentro dela já existe a doença do pecado. Ás vezes fico olhando para ela e pensando nisso. Mesmo sendo tão pequena, a gente pode ver que ela começa a perceber por exemplo, quando pode ou não pode fazer algo, e como ela tenta fazer isso na mesma.

     Como ela é bebé ainda, dá quase uma certa graça. Posso dar um exemplo: Tenho alguns paninhos decorativos sobre o sofá, os seus bordados têm atraído a minha filha desde os primeiros meses de vida. Até agora, eu tenho deixado ela mexer quase tudo, para a manter entretida, mas decidi que preciso ensinar que ela precisa aprender desde já que não pode mexer em algumas coisas. Ás vezes ela alcança um paninho e olha para mim com um ar malandro, como que sabendo que não pode mexer. 

      E então eu penso que um dia ela vai dizer a primeira mentirinha, vai me desobedecer, vai fazer a primeira birra, etc... e a doença do pecado vai evoluir. Poderei ensinar o que é correto para ela, mas mesmo assim, ela vai falhar diante de Deus - como eu falhei, como todos nós falhámos.

      Deus diz que todos nós somos pecadores. ("Porque não há diferença... porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus."Romanos 3:23) Às vezes é difícil aceitarmos isso, porque a tendência do ser humano é se exaltar a si mesmo, se ver bom e se ver melhor que os outros. Mesmo uma pessoa boa, que não faz mal para ninguém, que não mente, não rouba, trata bem dos outros, etc., é uma pessoa pecadora perante Deus.

      Isso também é difícil de aceitar, mas na verdade nós sabemos que não há ninguém perfeito; a gente peca mesmo sem saber. Eu peco, todos pecam, os crentes pecam. (mesmo que talvez menos ou com mais consciência). Nenhum de nós obedece aos dez mandamentos por completo, o tempo todo - infelizmente!

      É triste olhar para um filho e pensar que ele (também como nós) vai precisar da salvação de Deus, porque é pecador. Porém, mais triste ainda, é ter um único filho e permitir que ele morra para salvar outros. Deus fez isso para nos poder perdoar de nossos pecados - porque Ele sabe que não temos condições de nos salvar a nós mesmos.

      Quero que a minha filha venha a saber que ela é pecadora mas que Deus lhe amou, de tal maneira, a tal ponto, que entregou o seu Filho amado para nos perdoar. Quero lhe ensinar isso, mais que as letras, os números, as ciências. Quero, porque um dia, quando a eternidade vier, eu quero me reencontrar com ela.

     Quero lhe ensinar que para chegar a estar com Deus, ela não precisa de sacrificar-se, ela não precisa de ser perfeita, pois o Senhor Jesus, que era perfeito, já se sacrificou por ela.

     

* Foto da minha filha Grace minutos depois de ter nascido.